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25% dos utilizadores web são deficientes

Sabiam que cerca de 25% dos utilizadores da Internet têm algum tipo de incapacidade e como tal têm problemas de acessibilidade? Alguns podem ser cegos, amblíopes, disléxicos, ser deficientes motores, etc... e como tal a sua forma de verem a web é totalmente diferente. Estas são as deficiências funcionais.

Além deste grupo de pessoas já conhecido e identificado, começaram também a aparecer as pessoas com deficiências técnicas. O que são as deficiências técnicas? São pessoas que navegam com aparelhos sem fios (telemóveis), ligações lentas, browsers antigos, leitores de RSS, etc...

A percentagem de "deficientes técnicos" é maior do que a de "deficientes funcionais" (segundo dados norte-americanos, cerca de 12% são deficientes funcionais) e juntando os dois grupos chega-se a este número: 25% dos utilizadores são deficientes (estudo do Centro Dinamarquês para a Acessibilidade - em Dinamarquês!).

Para saberem mais, leiam este artigo onde os autores (Jesper Rønn-Jensen e Thomas Watson Steen) fazem referência também a artigos de Jakob Nielsen e Jeffrey Veen sobre a usabilidade e acessibilidade de dispositivos para pessoas com deficiências.

Desta forma, temos sempre que ter em conta a acessibilidade no desenvolvimento de qualquer aplicação ou corremos o risco de deixar de fora um quarto da população. Segundo este estudo não basta desenvolver tendo em conta os problemas de acessibilidade relativos aos deficientes funcionais. É preciso também ter em conta os deficientes técnicos e devemos desenvolver sistemas que funcionem no maior número de plataformas possíveis. No entanto, não é necessário chegar aos extremos. Tal como na Ergonomia, se desenvolvermos uma solução entre o percentil 5 e 95, abrangemos 90% da população. A relação custo/benefício de desenvolver para 100% da população é pouco produtiva e demasiado custosa.

O que é o Percentil 5 e o Percentil 95?

Imaginem que queremos construir uma casa e temos que definir a altura das portas. Tendo em conta os dados da altura da população, vamos ter os valores normais no centro e os valores extremos nas pontas (os mais baixos de um lado e os mais altos do outro).
Gráfico do percentilSe definirmos a altura da porta para que caiba uma pessoa do percentil 95, então todas as pessoas abaixo desse percentil podem passar sem problemas. Se a altura da porta fosse baseada no percentil 100, teriamos uma porta com cerca de 2.40 metros o que seria pouco viável e a probabilidade de encontrar uma pessoa do percentil superior ao 95 é muito baixa para fazer rentabilizar a altura da porta.

Percentil 5 e 95 da População PortuguesaE se tivéssemos que definir a altura de uma cadeira? Usariamos a altura do pé até ao joelho dos indivíduos do percentil 5. Desta forma, todos os indivíduos do percentil 5 para cima poder-se-iam sentar na cadeira sem ficarem com os pés a baloiçar (é obvio que um indivíduo mais alto (perto do percentil máximo) sentiria que a cadeira era demasiado baixa, no entanto não ficaria privado de a usar na mesma.

Sendo assim, ao desenvolver entre estes dois percentis cobrimos entre 90% a 95% da população sem que os custos ultrapassem em demasia os benefícios.


12 Comentários

Comente este artigo!

  1. A.

    Só um breve à parte, é mais adequado dizer “portador de deficiência” do que deficiente.

    Parabéns pelo blogue.

  2. Romeu Ribeiro

    Pois é a questão dos utilizadores com algum tipo de incapacidade é cada vez mais falada e estudada, a verdade é que os proprios fabricantes de sistemas para essas pessoas também não encontram um meio termo e cada qual adopta a solução que acha mais correcta o que não facilita muito o nosso trabalho.

    Já alguma vez usaram um screen-reader? eu já testei dois, e akilo é complicado para quem consegue ver, quanto mais para quem sofre de algum tipo de problema visual. E de ambos que testei, a forma de utilização e a forma como interpretavam não eram coerentes, logo dificulta muito desenvolver algo que funcione a 100% em ambos.

    Mas muito mais questões se ponhem na web, como é exemplo o que os “americanos” designam como colorblind e o design tendo em conta este tipo de problema não é comum ser estudado, testem alguns dos vossos sites mais comuns com esta ferramenta color blind webpage filter, outra questão é o design de navegações que não ajudam a pessoas com dificultades motoras, experimentem usar uma trackball ou mesmo um rato sobre um menu que use os famosos scripts de javascript para abrir submenus sobre o rollover, fácil “né”, agora experimentem faze-lo como se tivessem com frio nas mãos, a termer, pois é assim que alguma pessoas tem de o fazer sobre menus desse tipo ou menus em que os link’s tem um espaçamento ridiculo e não tem links de atalho para o teclado, existem várias “coisinhas” que deveriam ser somente do senso comum de um designer mas infelizmente não aconteçe.

    Mas é um bom tema para ser aqui apresentado, comentado na nossa lingua mãe para variar um pouco.

    Gracias, Ivo (se me permites que use só ivo)

  3. Ivo Gomes

    Sim, eu sei que é mais adequado dizer assim ou “pessoa com deficiência” mas dessa forma não cabia no título…

    ;)

    Mas por outro lado também já vi uma pessoa cega a reclamar que lhe chamavam deficiente visual e ela preferia que lhe chamassem cega mesmo :) É tudo uma questão de nomes e cada um deve interpretar da melhor forma possível. Se alguém se sentir incomodado com o nome “deficiente” no título ou no artigo, diga (escreva) de sua justiça e eu mudo :)

    Abraços!

  4. Le

    Você realmente errou quando usou o termo “Deficientes” e ainda justifica, dizendo que não coube no título, por favor!!!!RESPEITO

    []s

  5. Luís Amaral

    Parabéns pelo artigo, pela inicativa e pela “paciência”.

    Fico deveras agradado ao constatar inicativas pró-activas, positivas e sem ulteriores interesses para além dos da partilha.

    Fico incomodado pela forma negativamente crítica com que alguns ficam “retidos” nas imperfeições da folha, sem sequer se darem conta que (embora imperfeita) ela faz parte de uma árvore e que folha e árvore estão no meio de uma imensa “floresta”…

    Obrigado pela informação e pelas notas adicionais sobre Percentil!
    Graças a elas aprendi alguma coisa hoje.

  6. Arti

    Bom mesmo, é sempre bom falar disso por aqui. Faz me lembrar as aulas de ergonomia que tive da altura do lavatório. Percentil… não sei se era esse nome mas lembro que era assim para calcular certas dimensões. A ver se pego no fotócopias e descubro o que se pode aplicar ás interfaces na web.
    P.s.
    Se não têm nada de construtivo para comentar não o façam

  7. nekinha

    ola a todos, sou uma aluna do secundario e estou a realizar um trabalho sobre o “dia-a-dia de um individuo portador de deficiencia motora”.Gostaria imenso que me dessem algumas dicas para o meu assim cm dicas da forma como devo abordar este tema, ja que para muitos existem cdertas expressoes que nao devemos utilizar..e longe de mim magoar alguém. estou no 12º ano e adoraria fazer algo para alterar a forma cm mts vezes pessoas portadoras de deficiente são vistas..existem determinadas injustiças que nao podem passar ao lado…obrigada a todos e se o quiserem fazer podemos falar pelo meu msn:[email protected]

  8. Ivo Gomes

    Olá Nekinha.
    Não é fácil dar-te dicas sobre como deves elaborar um trabalho sobre pessoas portadoras de deficiência. Existe sempre a questão da discriminação que essas pessoas sofrem e a sociedade faz com que algumas palavras ou expressões não possam ser usadas quando falamos deste tema.

    Há pouco tempo vi um filme que me marcou bastante. Nem sempre as deficiências são visíveis. Existem pessoas com grandes incapacidades, mas olhando para elas parecem pessoas normais.

    este filme e pode ser que te dê uma ajuda preciosa na orientação do teu trabalho.

  9. Rochester

    Sacanagem mesmo foi cara do Just Add Water achar que vc é espanhol e escrever seu nome com Z

    :P eu achava que era coisa de americano só..

    mas muito bom o artigo ^^

  10. Guilherme Viebig

    Parabéns pelo artigo e pelo site! deem uma olhada em Arco Acessibilidade

  11. Guilherme Viebig

    O termo “deficiente” foi aplicado corretamente. O autor escreveu um post legal para caramba, e está certo ele escrever deficiente, que é a mesma coisa de portador de deficiência. Amenizar palavras é desnecessário quando tratamos de algo tão sério.

    Também considere que 90% das pessoas que procuram artigos como esse irão escrever “deficiente” e não portador de deficiência.

    Em vez de reclamar com o autor, que escreveu um post produtivo, vá reclamar com o governo. Eles usam e abusam do termo deficiente.

Blogs que "linkam" para aqui

  1. justaddwater.dk | 25% disabled web users picked up by Steve Krug
    8 de Março de 2006, 22:32

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