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UX Lx – Dia 3

Ao contrário dos dois primeiros dias, dedicados a workshopws, o terceiro e último dia da UX Lx foi dedicado a pequenas palestras (talks) de 40 minutos cada.

De manhã

A primeira talk do dia foi "Upgrade your Mandate", por Peter Merholz em que foram mencionadas as vantagens de ter uma equipa/empresa completamente focada no utilizador/cliente e na melhoria contínua da experiência que o seu utilizador/cliente tem ao usar os serviços prestados. No fundo, um cliente satisfeito é um cliente que volta a comprar connosco e ajuda a espalhar a palavra de que o nosso serviço é bom.

A segunda talk, por Bill Scott foi "Designing with Lenses: Lessons from Other Design Crafts". Esta talk seguiu a mesma onda da workshop do dia anterior e basicamente foram mostrados alguns exemplos de boas e más práticas para o design de interfaces ricas.

A terceira talk foi "Designing for (and with) New Technologies", por Dan Saffer. Aqui foram discutidas as preocupações que devem ser tidas em conta no desenvolvimento de interfaces em novas plataformas ou tecnologias. Além do interface é importante que o modo de interacção seja também ele intuitivo de modo a que a nova plataforma/tecnologia não seja só por si uma barreira ao uso do sistema. Um dos exemplos mostrados foi uma forma de controlar a televisão usando apenas gestos com as mãos e as dificuldades que isso implica quando alguém gesticula os braços sem querer interagir com a mesma. Ou seja, o interface deve ajudar a usar o sistema e não deve ser um estorvo quando o utilizador quer realizar outras acções que não estão relacionadas com o uso desse sistema.

A quarta e penúltima talk da manhã foi "Design Games", por Donna Spencer. Aqui foi apresentada uma metodologia interessante de potenciar a comunicação e a partilha de informação entre os vários membros da mesma equipa usando uma espécie de jogo. Durante esta talk, ela conseguiu que as cerca de 400 pessoas que estavam a assistir à talk interagissem entre si para gerar ideias para um problema apresentado. Será certamente uma metodologia a experimentar no futuro :)

A última talk da manhã foi "First Person User Interfaces", por Luke Wroblewski e aqui foram mostradas as vantagens de usar interfaces de realidade aumentada, ou seja, interfaces em que o utilizador interage com o mundo à sua volta. Alguns exemplos práticos e que já existem hoje em dia são aplicações para smartphones (ex: Layar ou Yelp) que fazem uso da câmara de filmar de modo a que o utilizador possa interagir com o que está à sua volta. Por exemplo, apontando a câmara para um edifício histórico é possível interagir com a imagem de modo a saber mais informações sobre o edifício (ex: Wikipedia) ou ver fotos de outras pessoas (ex: Flickr) desse mesmo edifício.

À tarde

A primeira talk da tarde foi "The Lazy Person’s Guide to a Better World: Advantages of Doing The Least You Can Do", por Steve Krug. Nesta talk foi salientada a importância de nos focarmos nos dois ou três maiores problemas de usabilidade encontrados e centrar os nossos esforços na sua resolução. O que muitas vezes se faz é resolver os problemas mais pequenos, porque são mais fáceis e rápidos de resolver, mas os maiores problemas vão continuando a existir. No fundo, em cada iteração só se resolvem os problemas mais críticos, e devem ser feitas iterações constantes ao longo da vida do projecto/serviço para ter um processo de melhoria contínua.

A segunda talk, por Eric Reiss foi sobre "Killer content or content that kills?". Esta foi certamente uma das talks mais animadas do dia (juntamente com a última, de Jared Spool). Nesta talk foi abordada a importância dos conteúdos num website. Sem os conteúdos ninguém visitaria o website, por isso eles são o componente mais importante do mesmo. Da mesma forma, os conteúdos mais importantes devem ser mostrados no topo da página, enquanto que os menos importantes devem ir mais para baixo na hierarquia. O que acontece com muitos dos websites actualmente é que a zona mais importante da página está ocupada com uma imagem enorme que não fornece nenhuma informação adicional, enquanto que os conteúdos são empurrados para baixo, tornando-se muitas vezes invisíveis.

A terceira talk da tarde foi "The Next ten Years", por Brian Fling. Nesta talk Brian falou da importância de traçar metas para o futuro de modo a acompanhar a evolução da tecnologia. Hoje em dia, nem mesmo as maiores empresas conseguem responder à pergunta sobre o que estarão a fazer daqui a 10 anos (ou 5 anos ou até mesmo daqui a 1 ano). Ao responder a esta pergunta poderemos guiar e centrar os nossos esforços no desenvolvimento de algo que deverá acompanhar a inovação tecnológica, ao mesmo tempo que fornece uma experiência consistente ao longo do tempo.

A quarta talk foi "Neuro Web Design: What makes them click?", por Susan Weinshenk que nos falou da forma como o cérebro humano toma decisões. Muitas das vezes é o cérebro mais primitivo que toma a decisão da realização de uma acção. Uma vez que o nosso cérebro primitivo tem um processamento mais básico e rápido, ele responde de forma diferente a diferentes estímulos. Por outro lado, a parte racional do cérebro analisa em mais detalhe o meio envolvente e toma decisões mais elaboradas. Ao navegar num website, há certas decisões que são tomadas por impulso pelo cérebro primitivo e há várias técnicas e metodologias de mostrar um conteúdo de forma a activar essa parte do cérebro e levar o utilizador a tomar decisões de forma mais rápida e intuitiva (muita na onda do "don't make me think").

A quinta e penúltima talk da tarde foi "Designing for User Performance and User Success", por Larry Constantine em que salientou a importância de desenvolver soluções focadas na actividade do que nos utilizadores em si. Aqui a ideia é que ao desenhar um melhor processo ou workflow, melhora-se também a forma como os utilizadores o executam. É algo controverso, mas é um ponto de vista válido porque a actividade é aquilo que o utilizador executa no sistema, por isso ao analisar a actividade temos também que analisar o comportamento dos utilizadores.

Finalmente, a última talk do dia e do evento foi "The Dawning of the Age of Experience", por Jared Spool. A par com a talk de Eric Reiss, foi uma das mais animadas do dia, o que ajudou a terminar a UX Lx em grande. Essencialmente, Jared falou-nos da importância de uma equipa multi-disciplinar a trabalhar no desenvolvimento de um website e como hoje em dia as equipas são cada vez mesnores, mas os requisitos são cada vez maiores, o que leva a que cada pessoa tenha que ter cada vez mais "skills" e conhecimentos sobre várias áreas distintas. Desta forma, começamos a ter equipas multi-disciplinares de pessoas com conhecimentos multi-disciplinares.

Em Conclusão

Foi um evento excelente e a organização está de parabéns. Espero sinceramente que para o ano se consiga repetir o mesmo (e no ano a seguir e no outro também) com oradores da mesma qualidade e gabarito. Não é todos os dias que se consegue juntar tanto talento junto, especialmente focado em usabilidade e user experience a um preço razoável.


3 Comentários

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  1. Hugo Soares

    Tenho muita pena de não ter ido a estes eventos. Mas o preço pratico para o comum dos Portugueses era proibitivo.

  2. Ivo Gomes

    O preço era um pouco caro, sim, mas com estes oradores era impossível ser mais barato. Basta comparar com outras conferências semelhantes na Europa (algumas até com menos oradores e menos conhecidos) e verás que a UX-LX foi bem mais barata do que por exemplo a UX London.

  3. Rosa Cunha

    Em primeiro lugar, embora não seja o lugar mais indicado, não posso deixar de felicitar a organização por este grande evento. Excelente evento, com um leque vasto de os mais consagrados especialistas na área da user experience.
    É verdade, tratou-se de um evento muito dispendioso para os portugueses (não foi pr acaso, a uma maior percentagem do público não era português), mas valeu a ir pena…
    Exactamente, por razões económicas, fui apenas ao 3º dia, mas valeu bem a pena!

    Venha daí a 2ª edição do UX-LX!Já agora… com especialistas portugueses! Há que divulgar o trabalho nacional também.

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